Sébastien Ogier (Toyota) conquista a sétima vitória no Vodafone Rally de Portugal

Sébastien Ogier (Toyota) conquista a sétima vitória no Vodafone Rally de Portugal WRC 18 de Maio, 2025 Vitória de Sébastien Ogier no Vodafone Rally de Portugal 2025 – a sétima do piloto francês na prova e a 63.ª da sua carreira no Campeonato do Mundo de Ralis (WRC). Um sucesso que permitiu à Toyota manter a invencibilidade na presente temporada. Depois de liderar cerca de dois terços da prova, o azarado Ott Tänak (Hyundai) terminou no segundo lugar, ainda assim com o mérito de ter sido o piloto com mais vitórias em especiais. O pódio ficou completo com Kalle Rovanperä (Toyota), em terceiro. Armindo Araújo (Škoda) foi, pela 14.ª vez, o melhor piloto português. Com organização do Automóvel Club de Portugal (ACP), mais uma edição marcada pela competitividade e pela adesão do público: mais de um milhão de espetadores distribuídos pelas regiões Centro e Norte do país. Os oito títulos e as 63 vitórias no WRC conferem-lhe o estatuto de lenda do desporto mundial, mas nem os sucessos e muito menos a idade afetam a motivação ou mesmo a rapidez de Sébastien Ogier. Quinze anos depois de ter conquistado a primeira vitória no WRC, precisamente em Portugal, o francês de 41 anos (nasceu a 17 de dezembro de 1983) somou o 63.º triunfo da carreira e o sétimo na prova organizada pelo ACP. Ou seja, em década e meia, ganhou quase metade das edições em que participou e, este ano, de novo com uma das menores margens da história: 8,7 segundos. “Acho que é algo de que me posso orgulhar: continuar competitivo depois de todos estes anos. O carro esteve ótimo durante todo o fim de semana. Mostrámos mais uma vez que a gestão de corrida é uma arte que dominamos. Feliz… ganhar sete vezes em Portugal não é nada mau. O público empurrou-me desde os reconhecimentos. Foi uma luta difícil com o Ott e não foi justo com o problema que ele teve”, admitiu Ogier. Na segunda posição, a escassos 8,7 segundos, terminou o piloto que venceu maior número de classificativas – 12 – mas também o grande azarado da edição deste ano do Vodafone Rally de Portugal: Ott Tänak. O estoniano liderou a prova da segunda à 16ª classificativa, até a direção assistida do Hyundai o trair e o obrigar a perder umas boas dezenas de segundos. Uma infelicidade que o impediu de lutar por uma vitória no WRC, que lhe escapa desde 2022, mas também à Hyundai quebrar a invencibilidade da Toyota. “Hoje (sábado), foi sempre no limite. Depois da deceção de ontem, ou regressava a casa com o segundo lugar ou com o volante na mão! Pelo menos o desempenho deixa boas perspetivas para o futuro”, afirmou. Com apenas dois melhores tempos em classificativas, o campeão do mundo em título, o jovem Kalle Rovanperä, foi o terceiro classificado, com o piloto da Toyota Gazoo Racing a confessar que o resultado “não é uma surpresa. Foi um fim de semana longo e difícil para nós. Não conseguimos encontrar ritmo. Faltou-nos muita velocidade. Simplesmente não tivemos aderência, nem andamento. Temos de trabalhar nisso”. O campeão do mundo em título, Thierry Neuville (Hyundai), foi o quarto classificado, nunca tendo estado em posição de lutar pela vitória: “Não foi divertido, pois estive sempre em luta com o carro. Estou feliz por terminar, mas desiludido pela equipa. Merecíamos mais. Vamos continuar a lutar”. O japonês Takamoto Katsuta (Toyota) fechou o quinteto da frente, seguido do colega de equipa e atual líder do WRC, Elfyn Evans. “Não foi um fim de semana fácil. A sexta-feira foi dura e tornámos as coisas ainda mais difíceis para nós depois disso. Estamos desiludidos com o resultado e temos de melhorar na Sardenha”, afirmou o galês. O jovem Sami Pajari (Toyota) foi o sétimo classificado, precedendo a dupla da M-Sport Ford, Josh McErlean e Grégoire Munster. Sétima vitória no WRC2 de Oliver Solberg O sueco Oliver Solberg estreou-se a vencer na categoria WRC2, no Vodafone Rally de Portugal. O piloto do Toyota GR Yaris Rally2 dominou a prova desde o início e terminou com 51,8 segundos de avanço sobre Yohan Rossel. O sueco imprimiu um andamento fortíssimo na primeira etapa e ganhou uma vantagem que lhe permitiu gerir o andamento até final e vencer a categoria pela segunda vez este ano, repetindo o triunfo da Suécia. “Na sexta-feira, dei o máximo. Foi um fim de semana longo, o feeling foi bom e a equipa entregou-me um carro impecável. Os fãs aqui são incríveis, nunca vi tantas pessoas nas especiais em toda a minha vida”, referiu Solberg. A terceira etapa viveu da luta pelo segundo lugar entre Gus Greensmith (Skoda Fabia RS Rally2) e Yohan Rossel (Citroën C3 Rally2). O francês ascendeu ao segundo lugar no troço de Felgueiras, venceu as duas classificativas seguintes e garantiu a posição com 16,4 segundos de avanço para Gus. “Era impossível bater o Solberg. Aproveitamos para perceber como se comportavam os pneus Hankook no Citroën C3 e foi importante para preparar o Rali da Sardenha”, afirmou Rossel, que mantém o primeiro lugar no campeonato. Um australiano vence no FIA Junior WRC O australiano Taylor Gill sentiu a pressão do sueco Mille Johansson na derradeira etapa, mas conseguiu segurar a liderança e conquistar a segunda vitória na categoria FIA Junior WRC. O turco Kerem Kazaz terminou em terceiro. Gill venceu também na categoria WRC3. Armindo Araújo o melhor português pela 14.ª vez Apenas quatro pilotos nacionais concluíram o Rally de Portugal. Armindo Araújo (Skoda) foi o melhor português ao terminar na 26ª posição. “É um orgulho enorme conseguir, pela décima quarta vez, terminar o Rali de Portugal como o melhor piloto nacional e voltar a subir ao pódio do que considero ser o melhor rali do mundo. Foram quatro dias muito exigentes, mas conseguimos sempre impor um ritmo seguro que nos permitiu gerir a prova sem qualquer problema mecânico. Apenas um furo na sexta-feira impediu que pudéssemos juntar a vitória no CPR a este excelente resultado, mas estamos muito satisfeitos com o desfecho deste rali”, sublinhou o piloto de Santo
Interview with Rachele Somaschini

Interview with Rachele Somaschini Entrevistas 18 de Maio, 2025 Born in Milan in 1994, Rachele Somaschini is a driver who combines her unstoppable passion for cars with a charitable cause. Suffering from cystic fibrosis, a genetic disease that affects several organs, especially the lungs, Rachele is motivated by a motto that challenges her to overcome her own limits. Her health condition has never been an obstacle to pursuing her passion and she already has a vast career, not only in Italy but also with several international series, such as the FIA ERC and TER Series in the past seasons.In 2025, she is taking on a new and exciting challenge: competing in 6 rounds of the World Rally Championship, including the Portuguese event. We got to know this warrior driver a little better. 1. Rachele you are a professional rally driver, not the most common life choice for a woman. Especially in a particular condition like yours. Where does all this passion come from? I grew up in a family passionate about motorsports: my father raced cars in the 80s and 90s. also paired with his friend, the well-known driver Arturo Merzario. My mom rode a trial bike for fun. When I was born, before I could even walk, my dad gave me a small electric toy Jeep. At first, I would climb on it, and then, as I grew older and could finally reach the pedals, I would drive around the garden, racing with my two dogs. Over the years, my father tried to get me into go-karts, but it was too early, and I was initially scared… The dream to become a driver probably was born at that time, but I became fully aware of it when I joined my father in a proper competition in Monza circuit as soon as I got my driving license, 18 years old. But due to my genetic disease, called cystic fibrosis, my dream was considered quite impossible… 2. You were born with cystic fibrosis, a severe genetic disease affecting internal organs. How did it impact you as a child, and how does it impact you now? Cystic fibrosis is a complex genetic disease that damages the major internal organs, particularly the lungs, progressively leading to the inability to breathe. It remains invisible for a long time, making it difficult to explain and raise awareness about it. When I was younger, the treatments were much longer and more complicated, but thanks to scientific research, daily life has improved significantly but still including demanding routines, drugs and respiratory physiotherapy. However, as it is a degenerative disease, the issues increase with age: bacterial infections, declining lung capacity, hospitalizations… Nevertheless, thanks to new therapies, available to 70% of patients, the average life expectancy is rising (currently 40 years) and quality of life has improved. This is why it is vital to support research. 3. Cystic fibrosis mainly impacts the lung capacity. How and when were you able to take up motor sports and compete at such a high level? Even if I was often told it was not possible for me to combine my life routines with the motorsport efforts, step by step, I began planning 2 or 3 races a year, which eventually turned into an entire Championship. Life with cystic fibrosis is like a rollercoaster, full of ups and downs. When I moved from circuit racing to rallying, which is much more demanding, I decided to focus on my health in every aspect, making it my top priority: healthy eating, gym workouts, mental health, and managing anxiety. By doing this, I was able to improve my endurance and could commit myself to rallying full time. 4. In motorsport you had to deal with a mainly male-dominated world. How difficult was it for you to manage this kind of barrier? And what about your move from circuit to rallying? Being one of the few women in a predominantly male environment certainly helped me at the beginning. I was able to attract attention, even if this can work like a boomerang: if you don’t deliver results or perform well, the attention turns extremely negative and is accompanied by the usual negatives clichéés. So, I had to work very hard to earn respect. Luckily, I got winning results on track and in hill climbs in those years of my competition’s debut and I was more and more accepted as a driver. Thanks to these first success I was noticed by a rally academy that was looking for a young female team to bring into rallying, and I immediately accepted the challenge. However, I didn’t realize how difficult it would be to enter a totally new kind of sport. I had to change completely my habits and driving style. In my first season in the Italian Rally Championship (the top Italian rally series), I was not able to achieve the same results as before, so I had to keep my head down and work hard again. Year after year, though, I learned to manage the challenges and eventually managed to get results in this extremely complicated discipline as well. 5. You have driven in the Italian Rally Championship, European Rally Championship and now you are entering a full program in the World Rally Championship, the pinnacle of the sport. Can you tell us which kind of commitment it takes to compete full-time? From the outside, it all seems like “smooth sailing,” but that’s not exactly the case: racing is just the final step of a long and hard work behind the scenes. It starts with securing the budget from sponsors, then moves on to the technical management of choosing the team, the car, and the championship. Then there’s all the personal management: taking care of cystic fibrosis, physical training, mental training to handle anxiety and pressure during competition… it’s an extremely stressful sport. You need to have a strong body and mind, prepared to deal with all the unexpected challenges. I’ve grown a lot over the years in
Rachele Somaschini: “O Rali de Portugal é um evento imperdível para qualquer piloto”

Rachele Somaschini: “O Rali de Portugal é um evento imperdível para qualquer piloto” Alto Minho 17 de Maio, 2025 Rachele Somaschini encontra na adrenalina do rali o combustível para o seu corpo. A piloto italiana de 31 anos nasceu com fibrose cística, mas seu estado de saúde nunca foi um obstáculo para perseguir a sua paixão e já tem uma vasta carreira, não apenas em Itália, mas também em diversas categorias internacionais, como o FIA ERC e o TER Series nas últimas temporadas. Este ano, a piloto natural de Milão assumiu o emocionante desafio de competir em seis etapas do Campeonato Mundial de Rali, incluindo a prova portuguesa e, em entrevista ao AM Motores, não tem dúvidas em afirmar que “o Rali de Portugal é um evento imperdível para qualquer piloto”. AM-Motores (AMM) – É piloto profissional de rali, que não é a escolha de vida mais comum para uma mulher, especialmente com uma condição específica como a sua. De onde vem toda essa paixão? Rachele Somaschini (RS) – Cresci numa família apaixonada por automobilismo: o meu pai correu nos anos 80 e 90. Também fez dupla com o seu amigo, o famoso piloto Arturo Merzario. A minha mãe pilotava uma moto de trial por diversão. Quando nasci, antes mesmo de saber andar, o meu pai deu-me um pequeno jipe elétrico de brinquedo. No início, eu subia nele e, depois, à medida que fui crescendo e finalmente ia conseguindo alcançar os pedais, passei a conduzir pelo jardim, correndo com os meus dois cães. Ao longo dos anos, o meu pai tentou levar-me para o kart, mas era muito cedo e, no início, fiquei com medo… O sonho de ser piloto provavelmente nasceu naquela época, mas tornei-me plenamente consciente disso quando me juntei ao meu pai numa competição de verdade no circuito de Monza, assim que tirei minha carta de condução, aos 18 anos. Mas, devido à fibrose cística, o meu sonho foi considerado completamente impossível… AMM – Nasceu com fibrose cística, uma doença genética grave que afeta órgãos internos. Como é que isso a impactou na infância e atualmente? RS – A fibrose cística é uma doença genética complexa que danifica os principais órgãos internos, particularmente os pulmões, levando progressivamente à incapacidade de respirar. Permanece invisível por muito tempo. Quando eu era mais jovem, os tratamentos eram muito mais longos e complexos, mas, graças à pesquisa científica, a vida diária melhorou significativamente, mas ainda incluindo rotinas exigentes, medicamentos e fisioterapia respiratória. No entanto, como é uma doença degenerativa, os problemas aumentam com a idade: infecções bacterianas, declínio da capacidade pulmonar, hospitalizações… No entanto, graças às novas terapias, disponíveis para 70% dos pacientes, a expectativa média de vida está aumentando (atualmente 40 anos) e a qualidade de vida melhorou. É por isso que é vital apoiar a investigação. AMM – Como e quando conseguiu iniciar o automobilismo e competir a um nível tão alto, atendendo à sua condição? RS – Mesmo que me dissessem com frequência que não era possível conciliar a minha rotina com os esforços do automobilismo, passo a passo, comecei a planear duas ou três corridas por ano, que acabaram por se transformar num campeonato inteiro. A vida com fibrose cística é como uma montanha-russa, cheia de altos e baixos. Quando migrei das corridas de circuito para o rali, que é muito mais exigente, decidi focar-me na minha saúde em todos os aspectos, tornando-a minha principal prioridade: alimentação saudável, exercícios no ginásio, saúde mental e controle da ansiedade. Ao fazer isso, consegui melhorar minha resistência e dedicar-me ao rali em tempo integral. AMM – No automobilismo, teve que lidar com um mundo predominantemente masculino. Como foi lidar com essa realidade? RS – Ser uma das poucas mulheres num ambiente predominantemente masculino certamente ajudou no começo. Consegui chamar a atenção, mesmo que isso funcione como um boomerang: se não entregas resultados ou não tens um bom desempenho, a atenção torna-se extremamente negativa e vem acompanhada dos clichês negativos habituais. Então, tive de trabalhar muito duro para ganhar respeito. Felizmente, obtive resultados vitoriosos na pista e em subidas de montanha naqueles anos de estreia na minha competição e fui cada vez mais aceite como piloto. Graças a esses primeiros sucessos, fui notada por uma academia de rali que procurava uma equipa jovem para trazer para o rali, e aceitei o desafio imediatamente. No entanto, eu não imaginava o quão difícil seria entrar num tipo totalmente novo de desporto. Tive que mudar completamente os meus hábitos e estilo de pilotagem. Na minha primeira temporada no Campeonato Italiano de Rally (a principal categoria italiana de rali), não consegui alcançar os mesmos resultados de antes, então tive que manter a cabeça baixa e trabalhar duro novamente. Ano após ano, porém, aprendi a lidar com os desafios e, eventualmente, consegui obter resultados também nesta disciplina extremamente complexa. AMM – Competiu no Campeonato Italiano de Rally, no Campeonato Europeu de Rally e agora está num programa completo no Campeonato Mundial de Rally, o auge do desporto. Que tipo de comprometimento é necessário para competir a tempo integral? RS – Visto de fora, tudo parece “um mar de rosas”, mas não é bem assim: correr é apenas a etapa final de um longo e árduo trabalho nos bastidores. Começa com a obtenção do orçamento dos patrocinadores, depois passa para a gestão técnica da escolha da equipe, do carro e do campeonato. Depois, há toda a gestão pessoal: cuidar da fibrose cística, treino físico, treino mental para lidar com a ansiedade e a pressão durante a competição… é um desporto extremamente stressante. É preciso ter corpo e mente fortes, preparados para lidar com todos os desafios inesperados. Cresci muito ao longo dos anos em todos os aspectos, mas não teria sido possível sem a motivação que sempre me impulsiona a dar o meu melhor. AMM – Houve momentos na sua vida em que sentiu vontade de desistir da luta? RS – Sinceramente, sim, mas por um período muito curto. Quando se trabalha tanto com um objetivo em mente e algo fora do seu controlo interfere negativamente, sentimo-nos desanimados, mas